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no caos e na calma há sempre uma casa para regressar

o super bock arena - pavilhão rosa mota encheu para um concerto que foi uma viagem pela carreira de carolina deslandes e nem o ecrã gigante fazia prever aquele início. de repente, fomos transportados para uma sala de cinema. o filme era da artista e de uma das suas maiores lutas: "tu és vulgar, fraca, feia, doente, gorda, triste", lia-se enquanto passavam imagens suas com outras mulheres.


© be wave

mas foi com "raiva" que carolina deslandes entrou em palco. estava, assim, aberto o primeiro capítulo deste concerto, caos, com a música que dá início ao álbum com o mesmo nome. e foi aí que continuou, com "vai lá" e "precipícios". "se é para fazer festa, é à moda do porto", disse enquanto pediu ao público que se levantasse e cantasse com ela.


antes de interpretar a "conta-me" - que guardava uma surpresa: o ator do videoclipe, alexandre pinho -, confessou que, no camarim, estava a olhar para o espelho e a convencer-se que merecia estar ali e que não havia razão para entrar em pânico. foi quando se lembrou da "síndrome do sonho seguinte". "trabalhamos muito para uma coisa e, no dia em que estamos a fazê-la, estamos a pensar na próxima ou estamos a boicotar-nos", explicou acrescentando que a sua missão com aquele concerto era que toda a gente que ali estava saísse dali "mais feliz e mais acompanhada". "a música não é sobre números. a música é sobre alento e é sobre amor", terminou referindo a sorte que tem em poder pisar aquele palco.


seguiu-se "paz" e "adeus amor adeus" no alinhamento, que começava agora a sair do "caos" e entrava na calma do segundo capítulo. foi então que, com uma pausa, fomos novamente transportados para o cinema. desta vez com um vídeo que era uma carta de amor aos três filhos, santiago, benjamim e guilherme. "o amor é sobre dar sem esperar receber. é nunca ter as mãos vazias. vocês não são os meus sonhos, vocês são os vossos. eu sou só a espectadora mais atenta da vossa vida (...) a nossa família é a nossa casa, mesmo quando estamos em casas diferentes", ouviu-se.


"canção de amor" e "borboletas" foram as primeiras músicas ouvidas do seu mais recente álbum, "calma", e que os presentes mostraram já conhecer bem. mas rapidamente voltou atrás no tempo: "há muitos anos eu era só uma miúda com um caderno cheio de letras e ideias de canções e conheci um rapaz de ler cadernos cheios de letras, com muita vontade de harmonizar canções e com muitas respostas para as minhas perguntas". ainda que sem a presença de diogo clemente, que esteve presente no altice arena e que a artista fez questão de homenagear dizendo que foi ele quem acreditou em si, ouvimos, em comunhão com o super bock arena, "a vida toda".


"a fé é aquela luzinha que se acende aqui dentro quando a saudade é muito grande e o amor ainda maior"

"brincar de ser feliz" e "a vida toda pt. 2" abriram o caminho para "nuvem", uma das canções que o público mais esperava e que fez ver muitas lágrimas. "que mundo é este a que chegamos em que encurtamos as cartas de amor?", questionou carolina deslandes lembrando o momento em que lançou essa canção.


© be wave

num "avião de papel" a viagem seguiu para "à tua porta", que trouxe o primeiro convidado a palco, van zee, numa noite em que também se celebrou a amizade.


com um novo vídeo, carolina deslandes apresentou as mulheres da sua familia para introduzir "a saia da carolina". feliz por esta música ser ouvida por crianças, recordou o difícil que é nascer mulher e "não gostar de cor de rosa, de laços na cabeça, não ser delicada, às vezes ser a pessoa que fala mais alto e ri mais alto numa sala, ter opinião e ter vontade".


com um enorme sorriso no rosto, depois de interpretar "por um triz", referiu ser "a filha mimada do norte" e mostrou-se emocionada por poder fazer aquilo que mais gosta acompanhada pelos amigos. subiram a palco bárbara tinoco, diogo piçarra e agir para "coisas no silêncio", "anjos" e "mountains".


o encore iluminou a sala de espetáculos do porto, com "trauma de abandono" interpretada no meio dos espectadores e o concerto terminou com "eco" e "não me importo". e com a certeza de que carolina deslandes tem ainda tanto para dar a portugal.

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