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Foto do escritorjoana miguel meneses

MARO: "a música, acima de tudo, é sobre partilha"

o teatro municipal de vila do conde recebeu um concerto de MARO naquela que foi a sua primeira vez naquela cidade. a be wave esteve à conversa com a artista que participou no festival da eurovisão e que abriu o concerto com deixa, o que será de ti, e still feel it all. "o som está bom? as cadeiras são confortáveis?", perguntou antes de testar "o coro de vila do conde" em we've been loving in silence. um público que entrou nas suas brincadeiras e a acompanhou em todas as suas canções, mesmo aqueles que só vieram por uma música.


a palco, chamou duas carolinas - carolina leite e milhanas -. "é um privilégio estar aqui", disse carolina leite, antes de interpretar a sua próxima música que, por enquanto, se chama poemas. a três vozes cantaram i got so high that i saw jesus que antecedeu onde andas, de milhanas, e uma outra canção que lembra que "a saudade não tem cura" e "os poetas estão cansados de dizer o que eu não digo".


carro, i am not enough e juro que vi flores pareciam dar por determinado o concerto, mas MARO voltou a palco para o encore com hortelã, oxalá e - o momento que muitos esperavam - saudade, saudade.


lê agora a nossa entrevista a MARO, que nos falou dos seus concertos e do futuro.

© be wave

quem é a MARO e como é que começaste na música?


nasci em lisboa, 30 de outubro de 94, 27 anos.


a minha mãe é professora de música e, pronto, havia assim a regra lá em casa de: “todos têm que estudar piano, fazer o nono ano. não precisam de fazer nada com isso, só têm que ter”. e eu acabei por não parar e fui seguindo e, de repente, aos 19, percebi que queria fazer música. foi um bocadinho assim que começou, por causa da minha mãe.


tens família no norte e disseste, aliás, há pouco tempo, que tinhas gostado muito do público de braga. o público do norte é um público que é especial?


acho que sim. a minha avó é de coimbra, o meu avô do porto e trás os montes. passei a vida a ir sempre para o porto e para vilarandelo. acho que há sempre esta coisa de, não sei..., já estar mais acostumada, se calhar, à maioria das pessoas serem um bocadinho mais relaxadas, mais tipo “anda comer chouriço para minha casa”. se calhar sinto essa descontração mais no norte. mas, enfim, todo o sítio de portugal tem sido incrível, mas eu acho que norte, para mim, é sempre especial.


e o que é que o público pode esperar dos teus concertos?


esta turnê tem sido, realmente, assim, um híbrido. tem algumas músicas novas, mas com arranjos bem diferentes, e coisas muito antigas. a vila do conde trouxe convidadas... é assim um bocado uma mistura e tudo, ao mesmo tempo, muito live.


um concerto também um bocadinho intimista?


sim, sim.


sentes que há alguma proximidade quando tocas?


sim, eu acho que essa é a parte que eu mais gosto, é sentir que eu chego ao palco e que as pessoas indiretamente fazem um “estamos aqui contigo”. um abraço. dá para sentir. eu acho que essa é a parte que eu mais gosto. se isso não acontecer, há ali qualquer coisa que não está a funcionar bem. normalmente, mesmo que não seja tão fácil no início, acho que a música torna esse contacto mais fácil.


© be wave

acreditas que o festival da canção e o festival da eurovisão mudaram alguma coisa no teu percurso?


muita gente que não conhecia o meu trabalho passou a conhecer. acho que só isso faz diferença. para já, para ter mais ânimo e seguir em frente e continuar a fazer coisas, mas também ver que realmente é... não sei... é bonito ver um monte de gente que não conhecia e que gosta e que fica com interesse e curiosidade em ir ouvir mais. acho que essa é a melhor parte.


tenho perguntado em todos os concertos se tenho pessoas que só conhecem a saudade. e há gente que realmente só conhece saudade e vem ao meu concerto. eu acho isso incrível.


não te deixa triste?


não. acho incrível. acho que uma pessoa gostar de uma música e perder energia, pagar um bilhete, tempo,... para vir ouvir mais e descobrir mais... acho que isso não pode nunca ser visto de maneira negativa. acho que é incrível.




não estudaste música em portugal. foste lá para fora e voaste um bocadinho. como é que vês o ensino da música e das artes no geral, em portugal?


eu estudei, tive os 14 anos de conservatório, piano clássico. na realidade, a minha escola é absolutamente incrível, a escola de música nossa senhora do cabo, em linda-a-velha. tem um programa muito bom, as pessoas saem de lá muito bem preparadas. acho é que para o que eu queria fazer na altura, depois desses anos, já na faculdade, pelo menos no meu tempo, ainda faltava um bocadinho aquela abertura de se calhar não ser tão jazz ou clássico, de ser uma coisa mais “vou fazer a minha música, descobrir” e não tanto ter um género e um percurso traçado. vou, vou tocar com pessoas e descobrir o que é que eu faço como MARO.


mas eu acho que isso está a mudar. acho que portugal está com uma cena musical muito forte e acho que mesmo a nível académico está a melhorar muito. acho que é sempre bom sair por várias razões, não só a nível académico.


vieste para ficar?


hummm... acho que sou mesmo lá de fora.


e em que é que te inspiras?


acho que na vida no geral. viagens, pessoas, experiências, tudo. se começar a ficar confortável, a viver uma rotina muito parecida, é quando a minha inspiração, se calhar, vai começar a desaparecer um bocadinho. acho que esta coisa de experiência, de vida, de viver coisas novas e diferentes, conhecer pessoas e ter conversas, ouvir músicas e artistas que se calhar, não conhecia ontem... isso tudo misturado dá sempre vontade de fazer coisas e de escrever e de cantar.


é para ti igual cantar em português e em inglês?


é sempre especial cantar na nossa língua. ainda por cima acho que o português é muito bonito e tem um som que, se musicarmos, fica absolutamente incrível - mais do que outras línguas. mas inglês... eu penso em inglês, sonho em inglês, trabalho muito com pessoas e temos que falar inglês. não é tanto o “eu escrevo porque assim toda a gente entende”. é realmente porque o inglês virou também uma língua primária. metade do meu tempo é em inglês e metade é em português.


e o que é que podemos esperar da maro no futuro?


sai agora um álbum, dia 26 de agosto. na realidade, tenho um monte de álbuns já para gravar e para lançar. este ficou parado durante dois anos, por causa do covid, mas a ideia é voltar.


e colaborações? trazes sempre alguém a palco e sinto que gostas de trabalhar com outras pessoas...


para mim, a música, acima de tudo, é sobre partilha. este álbum tem uma colaboração, por ser realmente um artista que é a razão porque eu estou a fazer tudo o que faço. achei que era especial.


mas a ideia agora é, estes álbuns que estou a guardar... há um que é para o projeto de um amigo, vou fazer uma banda com os meus irmãos.... tenho vários projetos assim e, realmente, são todos para fazer com pessoas. descubro que, para mim, a perfeição do que eu faço, do que é a minha vida como música, na partilha. posso criar com o meu melhor amigo, não é preciso só ir ao cinema, podemos fazer música juntos.





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