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"aventuras": uma peça para falar de medo sem medo e pôr à prova todos os sentidos

não sei se alguma vez vou atravessar o muro sem qualquer medo, mas tenho a certeza que vou abdicar de algumas coisas para ser feliz. afinal, "para ser feliz tem que se perder a cabeça" e, ainda que depois de ter assistido a "aventuras" o mundo não tenha mudado, eu mudei. eu e todas as crianças - pequenas e grandes - que estiveram no centro internacional das artes josé de guimarães.

© be wave

"aventuras" é um espetáculo para crianças que, como todos os outros, deve ser obrigatório para todos os adultos. o fascínio é imenso desde o primeiro minuto - mas não posso revelar muito, para vos obrigar a marcar presença numa próxima sala.


patrícia portela e peter de bie juntaram-se, provavelmente, para o melhor espetáculo deste ano. um espetáculo instalação interativo e imersivo - e saboroso para alguns gostos - que é um carrossel cheio de imaginação, medo e, ao mesmo tempo, coragem. e amor. há muita paixão.


fiquei presa em tudo. na magia das cenas, na voz doce dos atores, nas trocas rápidas de personagem, nas nuvens, na verdade, nas dores e em todas as linhas tortas que desenhamos. imaginem que vão ao teatro e vão assistir a quatro peças distintas. distintas, mas que se complementam na perfeição! distintas, mas todas elas com um objetivo: fazer-nos pensar e dar-nos aquele abraço que se calhar nem sabíamos que precisávamos.


"um espetáculo proibido a quem não andar constantemente espantado por existir"
© be wave

"aventuras" é falar de emoções, falar de medo sem medo e ter a coragem suficiente para pensar que "é só um tijolo". "aventuras" é um confronto com as paredes do nosso próprio quarto, mas é rir ao recordar que já vimos - ou fomos - aquele casal que gravou letras numa árvore. "aventuras" é enfrentar o desconhecido, completamente, do início ao fim, e ter a certeza que está tudo certo em pintar fora das linhas e conseguir ver para todos os lados. "aventuras" é o dilema da verdade e o questionar se a queremos disfarçar.


pôr à prova todos os sentidos e os músculos também - incluindo aquele que às vezes fica esquecido, o da criatividade, o que nos deixa voltar a ser crianças -.


que sorte ter 28 anos e poder assistir a "aventuras". que sorte, ainda assim, continuar a tirar tantas lições desta peça. e que sorte ter tipo o privilégio de assistir à peça ao lado da patrícia, que vibrou com cada fala e que se mostrou, durante aquela hora, genuinamente feliz.

© be wave


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